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São Paulo,27/04/2025

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Paleobiologia da Conservação desponta como uma área de pesquisa emergente no Brasil

Universidade firma parcerias interinstitucionais para capacitar recursos humanos nessa área de conhecimento, que investiga as condições ambientais passadas e os organismos que habitavam uma determinada região


Paleobiologia da Conservação desponta como uma área de pesquisa emergente no Brasil Projeto realizado na Lagoa de Tramandaí, região única no Litoral Norte gaúcho. Crédito: Maria Luiza Correa da Camara Rosa/Divulgação.

Pesquisas desenvolvidas em parceria entre o Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos (Ceclimar/Campus Litoral Norte) e o Centro de Estudos de Geologia Costeira e Oceânica (Ceco/IGeo) têm usado uma abordagem interdisciplinar para investigar registros paleoecológicos.

A Paleobiologia da Conservação fornece dados quantitativos dos ecossistemas antes do impacto humano, que são essenciais para entender as extinções recentes e os riscos futuros de extinção.

Essa é a explicação técnica do professor da UFRGS Matias Ritter, que lidera o projeto Rede Sul-Americana de Paleobiologia da Conservação, recentemente aprovado pelo Edital 16/2024 do Programa Capes/AUGM. Em parceria com outras instituições de ensino superior, o projeto busca consolidar a Rede ao reunir esforços nacionais e internacionais na formação de recursos humanos de excelência nessa área de pesquisa.

“A Paleobiologia da Conservação é, mundialmente, uma das áreas mais emergentes das Geociências, sendo uma importante ferramenta de informação, conservação, gestão e restauração da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos. A formação de pessoas nessa área vai trazer novos profissionais à Paleontologia brasileira”, salienta Ritter.

Essa nova e emergente abordagem interdisciplinar é ainda praticamente desconhecida no Brasil. A doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Geociências (Paleontologia) da UFRGS (PPGeo/IGeo) Anna Clara Arboitte de Assumpção fala sobre essa temática em um artigo publicado recentemente em Anais da Academia Brasileira de Ciências, em conjunto com Ritter.

O trabalho "Explorando o passado para proteger o futuro: uma análise da Paleobiologia da Conservação na América do Sul" (em tradução livre) aborda os conceitos, os princípios, a origem, o desenvolvimento, as abordagens, os estudos e os eventos dessa ciência, destacando a relevância dos estudos realizados no Brasil e na América do Sul.

A análise das publicações revela que a América do Sul está sub-representada na Paleobiologia da Conservação, com apenas 5% do total de publicações, e seus pesquisadores têm uma produção significativamente menor em comparação com seus colegas dos países mais desenvolvidos. “Isso evidencia que a prática da Paleobiologia da Conservação ainda está concentrada em países desenvolvidos e em disciplinas das Geociências, representando um desafio a ser superado”, explica o professor.


A Paleobiologia da Conservação

Em franco crescimento e nascida da visão científica da Tafonomia, a Paleobiologia da Conservação é uma área da Paleontologia que visa entender os processos relacionados à formação do registro fóssil.

Para isso utiliza ferramentas paleontológicas modernas e investiga as condições ambientais passadas e os organismos que habitavam uma determinada região, acessando informações antes dos impactos antrópicos (antes da interferência do homem), preenchendo uma lacuna na área da conservação.

Segundo os pesquisadores, a biodiversidade vulnerável e a escassez de pesquisas e história geológica peculiar da América do Sul apresentam um potencial significativo para se tornar um centro de pesquisa em Paleobiologia da Conservação.

“A diversidade de fósseis e a recente ocupação humana fazem do continente um laboratório natural único, promovendo a compreensão dos ecossistemas e impulsionando esforços conservacionistas. Portanto, é plausível esperar um crescimento substancial da Paleobiologia da Conservação na América do Sul, o que contribuirá para a promoção da conservação ambiental e o estabelecimento de um ambiente saudável para as gerações futuras”, diz Ritter.

Atualmente o professor desenvolve o projeto “Desvendando crises bióticas na biodiversidade costeira: uma abordagem integrada com a Paleobiologia da Conservação”, com financiamento do CNPq.

O objetivo é convergir diferentes esforços numa abordagem inédita, pelo menos nacionalmente; para isso serão integrados diferentes registros ambientais – geológicos, biológicos e escritos –, para, em diferentes escalas de tempo, reconstruir linhas de base de ambientes costeiros, para fornecer dados mais robustos para um melhor planejamento dessas regiões frente às emergências climáticas.

O projeto está concentrado na Lagoa de Tramandaí, uma região única no Litoral Norte do Rio Grande do Sul. “Nosso estudo está focado em resgatar testemunhos sedimentares de diferentes pontos da laguna, os quais nos trarão informações da biodiversidade ao longo dos últimos milhares de anos de forma generalista e dos últimos 150 anos de forma mais detalhada, especialmente sobre invertebrados, vegetais (pólen) e vertebrados (peixes ósseos; otólitos)”, aponta Ritter.

Aliado a isso, os pesquisadores estão compilando os registros escritos (livros, jornais, relatórios) que remontem a qualquer evento ambiental nos últimos 150 anos para relacionar com o registro sedimentar.

Os resultados preliminares permitem desenhar uma espécie de linha do tempo de alterações dos ambientes da Lagoa de Tramandaí e arredores. Leia mais sobre a atividade no artigo de opinião publicado no Jornal da Universidade em agosto de 2024: Sobre o fato de a natureza não respeitar a escala do tempo humano.


Ficha Técnica

Artigo: Exploring the past to protect the future: an analysis of conservation paleobiology in South America (Explorando o passado para proteger o futuro: uma análise da Paleobiologia da Conservação na América do Sul, em tradução livre) - Acesso aberto

Autores: Anna Clara A. de Assumpção e Matias N. Ritter

Programa/Unidade: Programa de Pós-Graduação em Geociências - Instituto de Geociências e Centro de Estudos Costeiros, Limnológicos e Marinhos (Ceclimar/Campus Litoral Norte)








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