A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), por meio do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, a Coppe, assinou um termo de cooperação com a Petrobras para colocar em operação o maior Loop de Garantia de Escoamento do Brasil. O acordo foi selado em cerimônia realizada na quarta-feira, 16/4, no auditório da Coppe, no Centro de Tecnologia 2 da UFRJ, na Cidade Universitária. Há previsão de um investimento na ordem de R$ 200 milhões nos próximos cinco anos.

Único no país com capacidade para pesquisar o escoamento com até 100% de dióxido de carbono (CO2), o equipamento será instalado no Centro de Tecnologia da UFRJ, em uma área de 11,5 mil metros quadrados, e terá 150 metros de tubulação, beneficiando também a atividade de captura, armazenamento e uso do carbono. 

O laboratório permitirá que os estudos e pesquisas sobre o comportamento de hidratos, parafinas e demais fenômenos que geram risco de obstrução das tubulações em sistemas de transporte de fluidos, como gás natural e petróleo, sejam executadas em uma escala mais próxima à condição de campo.

A parceria com a Petrobras, para o reitor da UFRJ, Roberto Medronho, é um exemplo de como os investimentos nas áreas de tecnologia e educação fortalecem a soberania do Brasil, impossibilitando que o país se torne dependente tecnologicamente dos países mais industrializados.

“Temos competências, perícias para desenvolver as nossas próprias tecnologias, as nossas próprias inovações. Hoje, da forma com que estamos vislumbrando o cenário internacional e também o nacional, temos que ter muita determinação para defender este país”, afirmou Medronho.

A empresa é responsável por produzir 31% de toda energia primária do Brasil. Segundo a presidente da Petrobras, Magda Chambriard,  todo o plano de negócios da empresa prevê um investimento de 111 bilhões de dólares em cinco anos. E tudo isso depende de investimentos em pesquisas e tecnologia.

“Temos diversas parcerias, e quando a gente olha para o futuro e todo o desafio que a gente tem pela frente, prevemos muito mais parcerias. Há um acerto enorme do país em garantir investimentos para ciência e tecnologia, seja através da Petrobras, seja através do compromisso nos contratos de concessão, nos contratos de partilha, nos contratos de cessão onerosa com a destinação desses recursos para pesquisa, desenvolvimento e inovação”, disse Chambriard.

O professor do Programa de Engenharia de Química da Coppe e também coordenador do projeto do Loop, Frederico Tavares, apresentou o planejamento, juntamente com o gerente de Engenharia de Reservatórios de Elevação e de Escoamento do Centro de Pesquisas, Desenvolvimento e Inovação Leopoldo Américo Miguez de Mello (Cenpes) da Petrobras, Jeferson Russel. A ideia é que o trabalho desenvolvido no Loop integre os demais laboratórios da Universidade. 

“Precisamos de termodinâmica, físico-química, fluidodinâmica, instrumentação, automação, engenharia de segurança, engenharia de materiais, processos e produtos. Pretendemos integrar e ter parceria com outros laboratórios. Temos mais de vinte anos de experiência em pesquisa. Com essas informações, com esse grupo aliado, a gente poderá tomar decisões que vão sugerir novos estudos em laboratório, propiciando novos testes na planta”, explicou Frederico Tavares.

As parcerias com a Petrobras são antigas, ocorrendo desde o início da década de 1960, alcançando a cooperação em mais de 400 projetos nos últimos dez anos. “Isso significa mais de 1,3 bilhão de reais de investimento, gerando 73 pedidos de depósito de patente. Atualmente, nós temos 147 termos de cooperação, tendo como temas principais a análise de escoamento em meios porosos, análise de gerenciamento de reservatórios e inteligência artificial”, salientou a diretora da Coppe, Suzana Kahn Ribeiro.

A diretora executiva de Engenharia e Tecnologia e Inovação da Petrobras, Renata Barroso, também destacou a importância das parcerias da empresa com as universidades para enfrentar nossos desafios.

Ela lembrou das pesquisas feitas com a UFRJ em diferentes projetos, inclusive na descoberta do pré-sal. “Inovação não acontece só dentro da Petrobras, mas através dessas parcerias, em especial com a UFRJ e com a Coppe. É um dos pilares do nosso sucesso, nas nossas sete décadas de existência da Petrobras.